Por que troquei Fiat Toro Flex por Golf 1.6 MSI Automático

Recebemos um relato de um leitor do Blog, fã de Golf, que tinha comprado uma Toro no começo de 2016. Agora, porém, ele relaciona os motivos pelos quais vendeu a picape e comprou um Golf: "Olá pessoal do CarBlog, eu sou o sujeito que, no começo de 2016, acabei seduzido pelo apelo de lançamento da picape Fiat Toro, e, inclusive, escrevi um relato (veja aqui) para o blog relacionando os motivos pelos quais eu, que sempre fui um "Golfan", acabei comprando uma Fiat Toro, que, naquele momento tinha me deixado satisfeito.

Eu já fui proprietário de vários Golf geração 4,5, do qual ainda sou um entusiasta, e considero esse um dos mais bonitos, bem acertados e bem resolvidos Golf´s da história. Meu último exemplar foi um magnífico Golf 2.0 Sportline Automático com pacote Limited Editon e teto solar. Um carro fantástico, e que me arrependi de tê-lo vendido.


E desde 2013 eu vinha acalentando o sonho de pegar um Golf 7, mas eu queria motor flex, eu queria o câmbio automático AISIN e queria também a suspensão traseira semi-independente por eixo de torção. Sim, eu conheço o "mimimi" de internet sobre DSG/AISIN e Multilink/Eixo de torção. Mas, ao contrário dos "mimimizeiros", eu já tive vários Golf com eixo de torção, incluindo um GTI 2009 de 193 cv, vários com câmbio automático de AISIN e já andei muito com Golf 7 alemão DSG7 + Multilink.


E, sim, adoro o Golf 7, mesmo com o DSG7 e Multilink, e sei também do "mimimi" sobre o "ruído de DSG" e do mimimi das "retenções". E, por ter andado muito com esse tipo de Golf, considero o "mimimi" DSG/AISIN / Multilink/Eixo de torção coisa de desinformados e analistas de ficha técnica, e o "mimimi" sobre ruído de DSG/Retenções coisa de gente fresca, nada além disso. O Golf 7 DSG/Multilink é um show de carro. Quase perfeito.


Melhor que ele só o Golf nacional, com o magnífico, silencioso, robusto e suave AISIN de 6 marchas e a maravilhosa suspensão traseira semi-independente por eixo de torção, que é mais macia, mais confortável, mais leve, tão ou mais competente que a multilink em curvas até 200 km/h, e de manutenção mais barata. Ou seja, um Golf 7 tão bom quanto o alemão, só que flex, mais macio, mais robusto, mais esperto e mais confiável.


Então, quando a VW lançou o Golf 1.4 TSI Flex nacional achei que seria a hora de pegar um, mas aí o que complicou foi o preço, realmente muito caro para o meu bolso. Ato contínuo, fiz um teste em um Golf 1.6 MSI Automático, e, apesar de ser mais lento que o 1.4 TSI, observei que ele me atenderia plenamente. Então estava decidido a pegar um Golf 1.6 MSI Automático, mas novamente o preço parecia excessivo, já que a configuração que eu queria, com bancos em couro, teto solar e ar-condicionado digital saia a mais de R$ 90 mil.


E, pior: a VW parecia que não queria vender o carro, já que chegavam Golf´s nacionais a conta gotas nas concessionárias, e, na maior parte das vezes, GTI. E quando vinha um MSI, ou era MT ou era branco.


Então veio o lançamento da Fiat Toro, e fui em uma concessionária conhecer, e fiquei impressionado. Acabamento muito bem feito, e a versão Opening Edition, a R$ 86.500, à época, tinha tudo o que eu queria no Golf (exceto o teto-solar), um acabamento bom, e era um carro que parecia interessante, de modo que, mesmo sabendo que o desempenho era fraco e o consumo elevado, acabei comprado uma.


Minha convivência inicial foi só alegria. O interior era bem sofisticado, o painel cheio de luzes, e tinha GPS de série. Viajei por estradas de terra, mais de uma vez, e o comportamento dela em estrada me fez acreditar que tinha feito uma boa opção.


Mas, então, o tempo vai passando, e comecei a perceber os defeitos. Em uma das viagens, a bagagem, que estava na caçamba, ficou enlameada, pois entra pó e água lá mesmo com a capota marítima. E, com o tempo, fui descobrindo que aquela imensa caçamba era inútil para levar compras de supermercado, pois se você as colocar lá, quando chegar em casa suas compras estarão espalhadas, e, em muitos casos, inutilizadas, pois as compras mais pesadas batem e esmagam as mais delicadas. Em resumo: não tem jeito de usar a caçamba e a solução é colocar dentro da cabine.


Mas aí começam os questionamentos: "eu estou com um trambolho de 4,92 metros e que não tem porta-malas. Muito pouco prática essa Toro para usar em cidade". E a sensação de estar em um "trambolho" vem quando se precisa fazer umas quinze manobras para colocar ela na vaga do meu apartamento.


No começo você acha divertido, percebe como a direção elétrica é leve e a câmera traseira é importante. E, afinal, são apenas 5 minutos a mais de manobras, não mata ninguém. Não no primeiro dia, ou na primeira semana, mas, com depois fica claro que é um procedimento que vai ficando cansativo, sim, manobrar essa picape de 4,92 metros em cidade.


E, pior, sem ter como contrapartida um bom espaço interno e nem tampouco um porta-malas. Além disso, com o passar do tempo, percebe-se que a Toro, como picape, tem uma péssima estabilidade se comparada à de um hatch médio, e a posição de dirigir elevada tira todo o seu prazer de dirigir.


A situação começa a ficar desesperadora quando você anda de forma absolutamente econômica, e ela não passa de 10 km/l em estrada, de gasolina. E esse consumo elevadíssimo vem sem contra-partida de desempenho, que, na Toro 1.8 Flex Automática, é pior que um carro 1.0 como o Up! MPI.


Ou seja, depois de alguns meses você forma sua opinião sobre a Fiat Toro Flex Automática: um carro lerdo, enorme por fora, difícil de estacionar, pouco estável, beberrão, sem porta-malas, com espaço interno reduzido e dimensões de um verdadeiro trambolho, completamente inadequado para o uso urbano. Comecei a me questionar ao andar com ela: "o que estou fazendo dentro desse trambolho inseguro, lerdo, beberrão e chamativo?".


E começa a sonhar de volta com o seu Golf Automático. Sim, você começa perceber que o Golf é um carro de dimensões perfeitas: nem grande demais, como um Fusion ou uma Toro, e nem pequeno demais, como um Up! ou Mobi. E percebe também que o Golf, apesar de 60 cm menor, tem mais espaço interno, tem um porta-malas, é infinitamente mais prazeroso de ser conduzido, mais seguro, mais estável, anda bem mais (mesmo o 1.6 MSI) e bebe bem menos (mesmo o 1.6 MSI). Ou seja: a ficha caiu: errei feio ao escolher [a Fiat Toro] .



Somando isso, com as notícias que a VW lançaria o Golf 1.0 TSI, anunciei a Toro, e vendi, em julho, por R$ 80 mil reais. Perdi R$ 6.000 reais do carro, perdi o IPVA, perdi o dinheiro da película 3M nos vidros. Prejuízo total de cerca de R$ 10 mil reais.


Peguei o dinheiro, e, com base em umas recomendações da Empiricus, comprei no Tesouro Direto NTNF 2023 e NTNF 2027, ambos pré-fixados, para ganhar com a valorização com a provável redução da SELIC depois (que veio, mesmo, em outubro). E comprei um pouco de PETR4 a 13,5 também. Aluguei um carro por R$ 1.300 reais por mês e fiquei esperando o Golf 1.0 TSI Automático. 


A valorização das NTNF veio, mais de 5%, e a PETR4, então, subiu mais de 30%, o que anulou meu preju e ainda me deu um lucro. Só que o que não veio foi o Golf 1.0 TSI Automático. Só veio o manual. Até pensei em pegar o manual mesmo, mas logo tirei a ideia da cabeça, pois no primeiro congestionamento já estaria me arrependendo. 


Como eu não tinha dinheiro para pegar o Highline, voltei a fazer testes no 1.6 MSI Automático, e vi que era exatamente aquilo que eu queria. Melhor ainda. O preço do 1.6 MSI começou a despencar. O carro que eu queria, com couro, teto, metálico, elegance + Comfort, estava por R$ 84 mil, 0KM. 

Golf 1.6 MSI Automático


E, então, a VW colocou taxa zero, com 60% de entrada, e, melhor ainda, uma parte da entrada dividida no cartão de crédito também sem juros. Fiz uma proposta para a concessionária, e ela aceitou, tudo sem juros, entrada dividida no cartão de crédito e o financiamento sem juros, e eles aceitaram. Calculei a proposta em valor presente, considerando 1,5% a.m. de juros e deu menos de R$ 75 mil. Fechei, e, melhor de tudo: deixarei uma boa parte do dinheiro em NTNF 2023 e 207 rendendo e também as PETR4 valorizando.

Golf 1.6 MSI Automático

E agora estou com o meu Golf 1.6 MSI Automático, do jeito que eu queria e do jeito que eu conheço há mais dez anos depois de muitos Golf´s terem passado pela minha mão. E, sim, este Golf 1.6 MSI Automático é um autêntico Golf.

Golf 1.6 MSI Automático

O melhor que eu já tive, e, principalmente, continua a ser um Golf, com tudo de positivo que isso significa: acabamento irrepreensível; posição de dirigir perfeita, suspensão magnífica. Só que moderno e seguro como nunca, com sua excepcional direção elétrica, silêncio ao rodar e uma sensação de solidez estrutural que chega a ser inacreditável como a VW conseguiu melhorar o já ótimo Golf 4,5 para este Golf 7.

Conclusão


Voltei para onde nunca deveria ter saído: o Golf. E aprendi as lições: i. esse modismo de picapes e SUV´s urbanos são apenas isso, modismos, sem qualquer fundamento racional. ii. quem gosta de Golf, jamais gostará de um SUV ou de uma picape como a Toro".

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